ATA DA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 22.03.1988.

 

 

Aos vinte e dois dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Segunda Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear o cinqüentenário da Firma Zamprogna S/A e à entregar o Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. José Zamprogna. Às dezessete horas e trinta e um minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. José Zamprogna, Diretor-Presidente da Firma Zamprogna S/A; Sr. Renan Proença, representante da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul; Sr. Derbí Bordin, Presidente da Associação dos Amigos do Bairro Anchieta; Irmão Faustino João, representando o Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Verª. Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Casa. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Artur Zanella, como proponente e em nome das Bancadas do PFL e do PL, disse que a presente homenagem deveria ter sido realizada no ano passado, quando efetivamente se comemoraram os cinqüenta anos da Firma Zamprogna S/A, mas que, mesmo fora de data, é de suma importância, em vista de tratar-se de firma genuinamente nacional. Comentou o slogan dessa empresa, “É tempo de levantar o Rio Grande”, declarando que sempre é tempo de homenagear empresas que tanto fizeram pelo nosso Estado como a Firma Zamprogna S/A. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, comentou o que representam cinqüenta anos para uma empresa e as várias fases pelas quais passa até chegar ao seu pleno desenvolvimento. Referiu-se ao Sr. José Zamprogna, fundador da Firma Zamprogna S/A, declarando que a história de S.Sa. confunde-se com a história da firma que criou, ressaltando a pertinácia, o amor ao trabalho sempre demonstrado pelo Sr. José Zamprogna e comentando tudo o que sua empresa tem feito em prol do desenvolvimento de nosso Estado. O Ver. Jaques Machado, em nome da Bancada do PDT, falou de sua satisfação por participar da presente solenidade, pois esta Casa mais uma vez homenageia aos que, com seu trabalho, ajudam a construir o Rio Grande do Sul. Comentou o surgimento da Firma Zamprogna S/A, no 4º Distrito, e sua contribuição para o desenvolvimento daquela área. E a Verª. Gladis Mantelli, em nome da Bancada do PMDB, discorreu sobre a Firma Zamprogna S/A, sua fundação e participação no desenvolvimento do Estado. Disse que, desde que foi criada, essa empresa sempre teve suas ações norteadas para o crescimento empresarial mas sem jamais perder de vista uma política voltada para o social, cumprimentando o Dr. José Zamprogna pelo seu trabalho na direção da Firma Zamprogna S/A. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. José Zamprogna, que agradeceu a presente homenagem, discorrendo acerca da filosofia de trabalho seguida pela sua empresa e da crise geral hoje observada no País. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou o Ver. Artur Zanella a proceder à entrega do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. José Zamprogna, fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e cinqüenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela Verª. Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Ver. Artur Zanella, autor da proposição, que falará em nome do PFL e do PL. O SR. ARTHUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, esta homenagem deveria ter sido realizada no ano passado, na oportunidade em que se completavam os cinqüenta anos da Zamprogna S/A. Muito modestamente os diretores da empresa este ano, já que nós não tínhamos conseguido a data para esta homenagem em 1987, disseram que eles se sentiam gratificados com a amizade dos porto-alegrenses, com este desejo expresso da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta homenagem, mas em reunião com as pessoas que de uma forma ou outra cooperaram para este evento, especialmente falo no nome do Ver. Jorge Goularte - que é o representante do Partido Liberal nesta Casa -, nós resolvemos que mesmo passado um certo tempo esta homenagem deveria ser feita pela Câmara Municipal de Porto Alegre que representa a população, porque cinqüentenários de empresas multinacionais, de empresas estrangeiras são vários. O difícil, Srs. Vereadores e Senhores convidados, é o cinqüentenário de uma empresa genuinamente nacional e genuinamente gaúcha e uma empresa familiar. E é por isso que nós fizemos questão desta homenagem, porque não é uma homenagem comum, é uma homenagem a uma empresa que tem na sua Presidência o Dr. José Zamprogna, que todos conhecem como um professor, um administrador de escol, um economista renomado, um jornalista e que tem na vice-presidência Mário José Zamprogna e como Diretor o Sr. Hermínio Zamprogna, um dos fundadores da empresa. Então, este é o motivo principal por que nós estamos aqui. Temos que - como diz aquela empresa - slogan de uma outra empresa – “Levantar o Rio Grande”. Nós temos que destacar todas as pessoas e todas as entidades que não abandonam este Estado, apesar de todos os convites e de todas as facilidades que são proporcionadas em outros Estados. Uma empresa, que eu lembro, em 1971 ou 1972, quando eu trabalhava ainda no Governo Euclides Triches, para se expandir no meio de um banhado, pedia, não facilidades, mas somente condições; uma empresa que, àquela época, pedia também algumas condições, e não isenções, e não doações, para o Município; uma empresa que comprou áreas e doou ao Estado, naqueles longínquos anos, para que o Estado somente lhe permitisse construir a sua fábrica; e uma empresa que, há poucos dias, conversando com seus Diretores, soube que tem, ainda, os mesmos problemas, que não teve os seus problemas ainda resolvidos mas, mesmo assim, está lá, sem acesso bom, no meio da água, mas sempre gaúcha e sempre junto conosco. E é por isso que esta homenagem se realiza. Eu tenho, aqui, toda a história dessa empresa, criada em Guaporé, o José Ernesto Zamprogna e mais a família Butelli. Tudo aqui demonstra a pujança dessa empresa, mas a nada disso vou-me referir no dia de hoje. Eu quero me referir, nestas breves palavras, que nós, que representamos o povo de Porto Alegre temos que dar o nosso testemunho sempre, agora e no futuro, que é de pessoas assim que esta Cidade necessita, que é de pessoas e de entidades assim que o Estado precisa, e é por isto, Dr. Renan Proença, que esta homenagem se realiza, pelo industrial. Por isso, Irmão Faustino, que nós queremos dizer e homenagear aquele professor da PUC, é por isso, Bordin, tu és um lutador pelo Bairro Anchieta e que lá enfrenta problemas, que esta reunião se realiza. E queremos dizer aos senhores, ao finalizar, que ocorra o que ocorrer neste País, tão atribulado e tão atormentado em seus aspectos econômicos, sociais e financeiros, que as entidades como esta terão sempre, desta Casa, todo o respeito e toda a admiração. Muito obrigado pela sua presença e pela sua obra. Muito obrigado. (Palmas.) 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, que falará em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu prezado José Zamprogna, eu não sei se chamo de industrial José Zamprogna, se chamo de Professor José Zamprogna, se chamo de administrador José Zamprogna. Acho que vou chamá-lo de jornalista.

Meu prezado jornalista Zamprogna: feliz andou o Ver. Artur Zanella quando propôs a realização desta Sessão em homenagem aos 50 anos da Empresa Zamprogna. Para usar uma figura popular e até pitoresca nunca é demais lembrar que 50 anos não se conquista de um dia para outro, leva-se 50 anos... É 1 ano, 2 anos, 48 anos, 49 anos, 50 anos! É uma existência que quando se olha para trás vê-se nessa estrada sucessos, insucessos, alegrias, tristezas e no caso das Organizações Zamprogna eu acho que o Sr. Jornalista José Zamprogna, ao olhar para trás só enxerga uma coisa, trabalho. Eu acho que o Senhor fez da sua empresa, da empresa que convive com os seus diretores, alguns seus familiares e um corpo de colaboradores, fez uma estrada única e exclusivamente de trabalho. E não vou ficar, Ver. Artur Zanella, com inveja de V. Exa. porque teve a oportunidade de conviver a ampliação da firma na década de 70, eu fui mais longe, depois que ele fez aquilo – ele nem se lembra – eu assisti o Dr. José Zamprogna entrar no Palácio Piratini adentro com um tubo galvanizado na mão para mostrar ao Governador Triches que, efetivamente, a firma dele estava fazendo tubos galvanizados. Eu era oficial de gabinete do Governador e tive essa rara e feliz oportunidade de assistir, confesso que estranhei, eu não conhecia e chega um homem no gabinete do Governador com um tubo na mão, mas ele estava lá para mostrar o resultado do trabalho de ampliação de sua empresa, que ao que me consta – não sou um profundo conhecedor – é uma das pioneiras no ramo da industrialização de tubos galvanizados. Uma empresa não se faz somente com a venda de seus produtos. Aqueles que tiveram a facilidade, o privilégio de cursar uma faculdade de Administração aprenderam que é um processo que passa por várias fases, desde a administração de pessoal até a política de marketing para colocação do produto feito. Mas, na verdade, uma empresa não se faz também sem que não se tenha por ela uma grande dose de amor. Eu moro nesta Cidade há 20 e poucos anos – eu não sou daqui sou do Interior – e me acostumei a ouvir falar e a ver, a ler nos jornais - sempre metido numa promoção ou em outra - o nome Zamprogna e a história da firma se confunde com a história do “seu José” que alguns dizem que é um homem de aço pela forma como incessantemente conseguiu levar a cabo e ao sucesso o seu empreendimento. E foi o homem do aço há três anos atrás a Associação do Aço escolheu-o como Homem do Aço do Ano naquela oportunidade.

Então, a história da empresa se funde e se confunde com a história de José Zamprogna e a história de José Zamprogna melhor do que eu os Senhores sabem é uma história de trabalho. Por essas coisas, Jornalista José Zamprogna, tenho ouvido mais do que poderia se dizer é comum entrevista de V. Exa. e em todas elas tenho observado a pertinácia com o V.Sa. insiste na questão do trabalho. A sua filosofia de que sem trabalho o País não vai crescer, o País não vai superar os seus problemas é um exemplo que deveria ser assumido por tantos quantos, na iniciativa privada ou na vida pública, tentam contribuir para o engrandecimento neste País.

Eu quero, neste modesto pronunciamento em nome do meu Partido, fazer a saudação ao Senhor, aos demais diretores, aos funcionários da empresa, desejando que tenham muitos e muitos anos de sucesso, que eu sei que serão como foram até agora e tenho certeza de que vamos comemorar os 75 anos e vamos também comemorar os 100 anos, porque, afinal de contas, dizem que a nossa expectativa de vida está subindo a cada ano que passa. Quem sabe vamo-nos preparar para comemorar os cem anos da Zamprogna, certamente virei como convidado, sentarei nas galerias, mas com prazer, estarei aqui. Sei tranqüilamente que sua empresa vai crescer, porque empresas comandadas por pessoas como o Senhor, não têm o porquê de temer o futuro, por mais pontos de interrogação que tenham ele. E como têm, no dia de hoje. Aliás, infelizmente, neste País, perdoem-me a divagação, corremos o risco de alguém ser condenado por querer produzir. Parece que a produção, o trabalho, o empresário, são coisas que estão virando ofensa neste País. Mas isso é cíclico. Isso vai passar, não tenham dúvidas de que nós, brasileiros, saberemos sempre reconhecer o trabalho de empresas como a sua.

Talvez alguém pergunte por que a Casa de Porto Alegre faz esta Sessão, a Requerimento do Ver. Artur Zanella. Há dias, quando pesquisava nos Anais, na Biblioteca, algumas questões havidas logo após a Revolução Farroupilha, quando esta Casa funcionava, em plena Revolução, e constatei que as homenagens que prestamos são o registro que fazemos na história da Casa daquelas empresas que fazem a História da Cidade, como é o caso da Zamprogna S.A. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jaques Machado, que falará em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. JAQUES MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Derbí Bordin, Presidente da ADABA, eterno batalhador da nossa comunidade, principalmente do 4º Distrito, daquelas baixadas, banhados, dos grandes problemas existentes na nossa cidade, meus amigos, momentos como esse sempre são dignos de grande satisfação. Digo de grande satisfação porque hoje mais uma vez essa Casa homenageia aqueles que de fato se destacaram pelo seu trabalho, pelo seu talento, pela sua dignidade, pela sua perseverança. Então, aqui, quando foi apresentada a proposição do Ver. Artur Zanella foi colhida por esta Casa por unanimidade por todos os Vereadores.

Então, neste dia em que se comemora essa Sessão Solene, eu poderia falar em nome da Bancada do PDT, como estou falando, mas preferiria mais falar como Presidente da Associação dos Amigos do 4º Distrito da Zona Norte de Porto Alegre, associação esta fundada há mais de 40 anos pelo nosso saudoso A. J. Renner, que foi o primeiro Presidente desta Associação em 1945, quando o 4º Distrito iniciava na Ramiro Barcelos e ia até a ponte de Cachoeirinha. Era aquela suntuosidade, era uma localidade muito bem posicionada na cidade, porque tinha um rio, porque ficava a saída do Estado. Então ali chegaram grandes indústrias.

Anteriormente, chegaram ao 4º Distrito Dom Eduardo e Dona Margarida, um casal de colonizadores portugueses nas funções de chacareiros. Então, existia, no 4º Distrito, a Avenida Eduardo. Há muitos anos mudava para Av. Presidente Roosevelt. Uma das coisas que até hoje nos sensibiliza e nos deixa em parte até numa responsabilidade muito grande de trazer de volta a Av. Eduardo. A Dona Margarida, a primeira dama da comunidade permanece até hoje com a Rua Dona Margarida no 4º Distrito.

Mas quando via-se falar em A. J. Renner, Aníbal di Primo Beck, a família Bier, da família industrial de tecido, mais tarde começava a surgir dentro do 4º Distrito uma outra família, a família dos Irmãos Zamprogna. Eu posso aqui denominar quase todos de um por um, porque se vivia quase que o dia-a-dia em convívio com o nosso saudoso Ernesto Zamprogna que morava na Av. Presidente Roosevelt. Nós éramos guris, na época, juntamente com Luizinho Branalize, hoje uma das grandes figuras dos Zamprogna, que ali na Praça Pinheiro Machado, das Sociedades Gondoleiros, Sociedade Navegantes São João. E numa outra quadra, na Av. Polônia, a residência do Erminio Zamprogna e, tínhamos um outro Zamprogna, o apelidado Guaporé, o Fernando, na Sociedade Gondoleiros.

Então, todas essas são figuras que tivemos um convívio muito grande. E quando guri eu trabalhava na Indústria de concentrado, uma firma que fabricava o malte para que fosse confeccionada a cerveja preta, trabalhava com o nosso saudoso ex-Presidente dos Gondoleiros e, minha função era buscar soda cáustica. E soda cáustica eu buscava na Rua Dr. João Ignácio, ali tinha o seu Ernesto Zamprogna, seguidamente tomando chimarrão. É uma figura que conquistou meus olhos e meu coração, devido a sua assiduidade no trabalho, a maneira com que sempre conduziu aquilo e que ainda hoje continua com o espírito jovem e com o corpo jovem, que é nosso Marino, hoje grande figura da Zona Norte de Porto Alegre, Presidente do Lindóia Tênis Clube.

Eu diria em qualquer outro pronunciamento que jamais poderíamos escrever a história do 4º Distrito, se não tivéssemos a pena de nossa caneta molhada no suor e na lágrima derramada pela família e pela firma Zamprogna, dentro de nossa Cidade.

Então nesse dia em que se comemora essa passagem de 50 anos da Firma Zamprogna, eu não trago aqui para o Sr. Zamprogna um cartão de prata, porque se fosse para nós descrevermos o que desejamos de bom para sua organização, precisaríamos o quê? Que o céu fosse de papel, o oceano de tinta com as cores do arco-íris. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, a Mesa concede a palavra à Ver.ª Gladis Mantelli, que falará em nome da Bancada do PMDB.

 

A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr. Presidente, caros convidados, Srs. Vereadores, falar por último é sempre uma tarefa extremamente difícil, de um modo geral, todos os oradores que antecedem o último orador já disseram tudo. Nada mais resta a dizer. Mas eu não sou uma oradora nata, tenho consciência disso e o Ver. Hermes Dutra, por exemplo, tinha uma preocupação de como chamaria o Dr. José Zamprogna e optou por chamá-lo de jornalista. Eu opto por chamá-lo como ele me chama: de colega. Somos colegas e como tal eu prefiro me referir a ele exatamente desta maneira, como colega. É um colega ao qual eu tive o prazer de substituir nas nossas atividades dentro da Casa do Economista. Alguém que tem sido um empreendedor, não com a sua Empresa, mas como em várias atividades das quais tem participado na nossa sociedade.

E acredito que no momento em que atravessamos uma violenta crise social e econômica com graves conseqüências em todos os setores, o setor empresarial, como os demais, enfrenta também sérias dificuldades que tem exigido, certamente, muita coragem, criatividade e dinamismo do empresariado, no sentido de não estagnar, de crescer, sem esquecer os parâmetros do desenvolvimento social e a aplicação de novas tecnologias.

Desde a sua criação, os fundadores de Zamprogna S/A nortearam suas ações na busca do crescimento empresarial, sem jamais perder de vista uma política voltada para o social, a qual tem, também, a responsabilidade de gerar empregos.

Hoje, após meio século de trabalho e de lutas, vê coroados seus esforços através de inúmeras realizações que, ao longo destes anos, transformaram uma empresa de secos e molhados num complexo empresarial pujante e respeitado no Estado e no País.

O Grupo Zamprogna constitui-se numa série de empresas que, a par do seu crescimento e de sua expansão, vêm demonstrando, na prática, uma preocupação séria e comprometida com a assistência integral aos seus funcionários.

Eu acho, meu caro colega, que isto era o que ainda não havia sido falado pelos nossos oradores anteriores. O fato de que a sua empresa se notabiliza por esta assistência que o meu colega dá aos seus funcionários. E num País como o nosso, onde esta assistência por parte dos órgãos governamentais deixa muito a desejar, é de vital importância as empresas que se empenham em oferecer estes benefícios que certamente reverterão em maior produtividade para a organização e contribuindo para a paz social.

Tendo em vista esta preocupação que o meu colega tem, em 1963 fundou ou criou a Fundação Zamprogna e que todos os senhores que estão aqui conhecem as suas finalidades. E esta Fundação tem prestado uma assistência que eu acredito que os seus funcionários a considerem sem igual. Uma assistência que atinge a área médica, odontológica, mas não só isso, todo o empenho que o meu colega faz para que os seus funcionários estudem, progridam, possam fazer uma formação até o nível universitário, é algo que, realmente, deve ser ressaltado nesta Casa. E tantos outros auxílios, como o de farmácia, convênio com óticas, facilidade para aquisição de agasalhos, eletrodomésticos, tudo isso faz parte do trabalho da Zamprogna S/A. E esta empresa, que ora homenageamos, representa um exemplo, não só como já disseram os oradores que me antecederam, por ser genuinamente nacional, mas, também, por imprimir uma modernização constante nas suas atividades, desenvolvendo novas tecnologias, gerando mais empregos e contribuindo de forma positiva para a economia do Estado e do País. Eu não sei quantos dos meus colegas Vereadores já tiveram a oportunidade de fazer uma visita à empresa do meu colega José Zamprogna. Vale à pena visitá-la. É uma empresa em que no momento em que se entra dentro dela, nos sentimos em casa. A recepção que nos é dada é da melhor qualidade, no sentido de afeto, no sentido de amor. E tudo nos é explicado, por mais leigo que sejamos a respeito do assunto, que é a produção que Zamprogna se propõe a fazer. Nos possibilita conhecer maquinarias criadas e produzidas pela própria empresa, tecnologia não importada, mas tecnologia própria, trabalho próprio daquela empresa. E eu acredito que devêssemos realmente conhecer esta empresa que, além de ser uma empresa que permanece em nosso Estado, é uma empresa que dignifica, fundamentalmente, Porto Alegre. Receba, então, meu caro colega Zamprogna, em nome do PMDB, os nossos cumprimentos pela brilhante atuação à frente desta Organização, bem como os seus funcionários, desejando que o sucesso seja uma constante no que esta empresa se propõe. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. José Zamprogna, que falará em nome da homenageada.

 

O SR. JOSÉ ZAMPROGNA: Sr. Presidente, demais nobres Vereadores, componentes da Mesa, em primeiro lugar, quero agradecer verdadeiramente comovido as manifestações apresentadas pelos Vereadores, começando pelo meu colega, como economista, Dr. Artur Zanella, foi muito pródigo a respeito da minha pessoa e do nosso empreendimento, Dr. Zanella nos conhece há muitos anos e sabe da luta e do trabalho que estamos tendo; seguiu-se, aqui, na Tribuna, o ilustre Ver. Hermes Dutra, com palavras de entusiasmo e estímulo muito nos homenageou pela nossa atividade, pelo que fizemos, pelo que estamos fazendo. A seguir, entrou em cena o colega Jaques Machado, ele me chamou de jornalista, chamo de colega, se não for jornalista ainda, será talvez ainda muito em breve, portanto o meu muito obrigado pelas palavras generosas, bondosas do 4º Distrito, onde a nossa empresa atuou por muitos anos, principalmente como filial, e com residência, naquele local, de vários irmãos, muito obrigado, citou muita coisa de nossas passagens. E a colega Gladis Mantelli como uma brilhante economista, orgulho da nossa classe, dentro da sociedade de economia, sempre a admirávamos lá, pela sua capacidade, pela forma de dirigir, pela sua atuação, pela amizade que tinha, pela forma de relacionamento com os colegas, para freqüentarem a sociedade, para se interessarem pelos problemas econômicos, enfim, eu me apeguei a ela, principalmente no campo da economia, ela é que brilha em Porto Alegre como uma economista profissional, que é conhecida de todos os profissionais de economia, dos contadores, dos homens que atuam na administração e nas finanças, sem tirar e nem mencionar o grande mérito que ela tem nesta Casa porque ela é a mulher que está atuando no campo econômico como exemplo para as demais mulheres gaúchas seguirem um caminho igual de luta, de trabalho, de ajudar a ação do administrador, do homem nas suas empresas. Por isto, meus cumprimentos, colega Gladis Mantelli por suas brilhantes palavras, pela maneira como destacou o que procuramos fazer pelos nossos funcionários. Materializada oficialmente em 63, ela teve a chancela máxima pelos trabalhos que fazia, pelos levantamentos feitos pelas autoridades porque naquele tempo eram raras as fundações, por isto eram muito bem examinadas, para conceder todos aqueles benefícios, todos aqueles direitos que elas podem adquirir através de auxílio que possa fazer ao quadro funcional, de sorte que muito obrigado por seu comentário.

É uma grande honra para Empresas Zamprogna Importação Comércio e Indústria ser homenageada por esta Colenda Câmara de Vereadores pelo seu Jubileu de Ouro. Por isto, nós, como seu fundador, assim como do grupo que a compõe, em nosso nome, no da sua Diretoria e do quadro funcional, alguns daqueles aqui presentes, agradecemos sensibilizados tanto a homenagem dos ilustres Edis, quanto à amável presença de tão distintas personalidades aqui presentes que compareceram reafirmando nossa melhor amizade a quem devotamos estima e profundo apreço. Desnecessário será dizer o que estes 50 anos representam para os irmãos, filhos e colaboradores da família Zamprogna. É meio século de existência empresarial e também de ideais e de muito trabalho. Descendemos do além-mar e somos netos de imigrantes que aportaram no Brasil, na primeira leva de italianos para a colonização gaúcha, em 1875. Os nossos avoengos escolheram esta Pátria como terra abençoada e futuro de seus descendentes. Não vieram para amealhar riquezas, e depois retornar, como muitos fizeram, mas sim para aqui ficar e tornar-se parte integrante deste novo solo pátrio. Trouxeram com eles sua cultura, sua técnica e sua vontade férrea de progredir. Vieram imbuídos da necessidade de contribuir para que o nosso País crescesse mais rápido social e economicamente; idealizaram para o futuro próximo transformar o Brasil numa economia muito forte, a fim de que ela pudesse ombrear em igualdade de condições com as grandes nações ricas e desenvolvidas deste Continente. No decorrer desse já longo período, houve sucessivas oscilações no campo político que influíram também no campo sócio-econômico. A todas fomos contornando, porque sempre acreditamos que um belo dia o nosso País venceria a tudo e marcharia para um grande surto econômico que o colocaria entre as maiores nações do mundo. Em nossa atividade, juntamente com a equipe de técnicos que formamos, tivemos sempre presente o desejo e a vontade de criar algo que transcendesse a vida de seu fundador e que pudesse gerar muitos empregos, movimentar expressivos valores e contribuir, ao mesmo tempo, com tributos para os cofres públicos, a fim de podermos juntar a nossa parcela para ajudar a minimizar dificuldades e sofrimentos de tantos brasileiros. Nesta oportunidade, permitimo-nos ferir nossa modéstia para compensar o orgulho que temos de nosso empreendimento. Na verdade, ele representa a exteriorização de uma filosofia pela qual não é tão importante o quanto se fez, e sim, como foi feito. E é dentro desta linha de ação que une a excelente capacitação técnica de nossa equipe aos princípios éticos da boa causa que continuaremos nossa senda em busca do progresso. Oxalá recebamos as luzes divinas, que nos iluminem o caminho. Sabemos, entretanto, que existem muitos problemas políticos e sócio-econômicos para serem superados; contudo, prevemos que já no início do novo século a Nação e seu povo se entenderão melhor, e então, marcharemos para o progresso e o bem-estar a que todos nós aspiramos. Nesta altura de nossa exposição, não será demais acrescentar que a filosofia de nossa empresa não se prende apenas nos pontos fundamentais mencionados, porém, os transcende, uma vez que se preocupa muito igualmente com o ser humano, sobretudo no que se refere ao seu quadro funcional. Muito bem disse a nossa colega Mantelli. Lembramos que a nossa empresa foi fundada em Guaporé, tendo iniciado com um só funcionário e um capital realizado de vinte contos de réis e compromissado, de duzentos contos, que era o compromisso que assumimos quando compramos uma casa comercial. Hoje o grupo conta com mais de 1500 funcionários e, atentem bem, talvez tivéssemos muitos mais não estivesse a indústria em grande parte automatizada, onde não entra a mão, a não ser para apertar botões. Então, 1500 funcionários sendo, a sua maioria, profissionais técnicos, e alguma especialização. É importante salientar que grande parte desses funcionários se especializou com a colaboração da Fundação Zamprogna. Há mais de 30 anos criamos a Fundação, e de então para cá esta colabora o máximo com os empregados do Grupo, no setor técnico-profissional, médico-odontológico, transporte, alimentação, empréstimos pessoais, auxílio na compra da casa própria, etc.

A área de ação das empresas do Grupo Zamprogna partiu e continua na agricultura, comércio, indústria de transformação, mercado internacional, e até financeiro. Produz os seus próprios equipamentos de alto porte para a industrialização do aço, e também para fornecimento a outros industriais.

São seis as empresas que compõem o grupo, juntamente com mais duas filiais em São Paulo. São elas: Zamprogna S/A Imp. Com. Indústria e suas duas filiais; Importadora Brasília S/A, Ind. e Com.; José Zamprogna S/A Adm. e Com.; Tubomac - Tubos e Materiais de Construção Ltda.; Fundação Zamprogna e a caçula, a AGROPEL – Sociedade Agropecuária Líder Ltda.

Estamos projetando a criação de mais duas empresas, utilizando os recursos que já possuímos.

O grupo de empresas Zamprogna, nos áureos tempos, conseguiu capitalizar-se e, por isso, há mais de 15 anos não desconta títulos em bancos. Tudo o que criou até hoje, o foi sempre com recursos próprios. Desta forma, vem conciliando uma sistemática progressista que deverá prolongar-se por muitos e muitos anos.

Até hoje vem atuando de pais a bisnetos, e assim prosseguirá pelo tempo afora e assim prosseguirá dentro de um esquema próprio, sócio-econômico e profissionalizante estando há tempo operando em todo o País.

Mas como o nosso Presidente não me marcou horário direto para terminar e abusando um pouquinho da paciência dos nobres colegas, amigos empresários e dos Vereadores aqui presentes, eu comentaria alguma coisa rapidamente sobre os problemas que nos afligem na hora presente.

Caros amigos, a situação do Brasil está mais grave do que à primeira vista se apresenta. O Brasil jamais na sua história chegou numa posição tão crítica quanto a presente. Uma dívida externa superior a 120 bilhões, uma dívida interna rolando diariamente no Governo Federal de 6 trilhões, quatrocentos e oitenta milhões de cruzados. Mensalmente esta dívida aumentará um trilhão de cruzados. Para o fim deste ano, se não houver uma medida violenta, ela pulará talvez para mais de 20 trilhões de cruzados. Pergunta-se: qual a perspectiva de investimento de nosso País? Sabem os amigos que para a indústria, o comércio, a sociedade, as livres empresas, todas as atividades poderem se desenvolver é necessário um apoio constante e contínuo do próprio poder público, porque o poder público sacode a iniciativa privada, parte de uma porção de iniciativas de desenvolvimento. Lembrem-se de 1955 quando Juscelino assumiu a Presidência e lançou “slogan”: “50 anos em 5 anos de administração”. Lembrem-se o entusiasmo que havia sentido o povo brasileiro em todas as suas camadas, a posição do Brasil interna e externamente. Vejam o que se fez durante aquele curto período de tempo. Lá está Brasília por muitos criticada, por outros louvada. Lá estão as grandes indústrias automobilísticas, os planos elétricos, abertura de estradas. Então, criticou-se o homem por ter inflacionado o País em 30% no fim de seu mandado. Qual a nossa inflação de hoje? Mais de 400%. E o que nós estamos fazendo, o que estamos executando? Naquele tempo não havia empréstimos, não havia nada, usávamos recursos internos, gerávamos recursos. No Governo de Juscelino houve um perigo, que para importarmos, éramos grandes importadores e trabalhávamos no Mercado Internacional. Éramos obrigados a depositar o dinheiro, fazer a remessa para o exterior, esperar que o governo tivesse dólares para fazer a remessa para o exterior, e a mercadoria vinha. Não havia mais crédito. Mas sanearam-se as finanças. Mas deixando de lado isto, todo o mundo se lembra. Pergunto: o que estamos fazendo neste colosso que é o Brasil, com toda a sua potencialidade? Estamos gastando, gastando mais do que arrecadamos. Os colegas devem ter visto que a imprensa noticiou, que a arrecadação do governo federal no mês de janeiro mal atendeu a folha de pagamento dos funcionários federais, e os funcionários das entidades públicas. Pergunto: o que é que os Ministros, em número quase de 30 podem fazer para ajudar a crescer este País? O que os técnicos do governo podem fazer se eles não têm dinheiro? Ficam esperando. Não podemos continuar esperando, temos que achar soluções. O Governo do Rio Grande está procurando soluções. Mas nós aqui também estamos mal, como todo o Brasil está mal. O que é que temos que fazer? Temos que nos entender, temos que nos estender as mãos e temos que voltar a lutar, trabalhar, produzir, não criticar tanto, mas executar muito. Se não executarmos muito, o que nos espera para nossos filhos e nossos netos? O que vai acontecer num futuro próximo? O Brasil continuará nesta derrocada? Não é possível! Nós temos que sanear a Nação. Como sanearemos a Nação? Tomando medidas objetivas, inspirando credibilidade aos próprios empresários. Dialogar com os empresários e aqueles que executam atividades econômicas. Vamos descer um pouco o pedestal dos homens que estão lá em cima. Vamos dialogar com o povo, o povo vai agüentar esta miséria? A miséria criou desgraça no povo em geral, nos trabalhadores, nos pobres que não têm, às vezes, o necessário para comer.

Nós, empresários, quando vimos pessoas com esta miséria, com esta dificuldade, teríamos vontade de apanhar tudo que temos e dividir com eles. Mas perguntamos: resolvemos o problema do Brasil? Não. Então como temos que fazer? Temos que seguir o exemplo do japonês, o japonês não dá nada de comer a ninguém, ele ensina ao faminto, ao necessitado pescar, então ele tem o peixe toda hora, ou ele ensina a trabalhar. Porque se ele está ensinando-o a trabalhar ele vai para frente. A nossa filosofia é a de preparar tecnicamente o nosso quadro funcional, como disseram os ilustres Vereadores que aqui falaram. E por que fizemos isso? Porque eu descendi da agricultura, da pecuária. Até os 18 anos eu não falava português, mas na oportunidade devida, estudei, porque meus pais, que mal puderam assinar o nome, vieram da Europa e foram jogados no Rio das Antas, Bento Gonçalves. Então meus pais diziam: meus filhos hão de estudar e eu fui o primeiro e levei todos os outros. E com essa mesma garra de estudar, de vencer, tentamos fazer com nossos funcionários, estamos fazendo com mais de 300 funcionários. E, se todos os funcionários não estudam, é porque não querem, os cursos de graça às vezes saem caro para eles, porque tem que perder o cinema e pagar a condução para estudar. E por que fazemos isso? Porque para o quadro funcional nunca se deverá pagar demais para o funcionário daquilo que ele pode produzir para a empresa, sempre pagá-lo de acordo com sua função. Mas dar condições a esse funcionário para que ele suba, suba no setor profissional, no setor técnico, porque aí o funcionário será valorizado intrinsecamente e valerá em qualquer parte do Brasil e do mundo. Nós temos exemplo, um exemplo de um funcionário que entrou na firma com 13 anos, fez o contador, fez a Faculdade de Economia na PUC e fez a Faculdade de Direito junto com meu filho. Em 68 foi convocado por Delfim Neto, numa turma de técnicos brasileiros em 300, foi o Dr. A. Kauffmann selecionado entre os primeiros três. Ele percorreu os grandes países do mundo para mudar o sistema de selagem que se usava no Brasil. E como era uma pessoa muito inteligente, muito culta, no tempo em que estava conosco era o chefe da fiscalização da nossa Empresa. O pai do nosso Presidente, Dr. Geraldo Brochado da Rocha, acompanhou a atuação do nosso técnico lá dentro quando os fiscais queriam buscar das firmas uma determinada soma de tributos, mesmo que as firmas não devessem nada, o seu pai defendeu a nossa Empresa, e ela não pagou nada, e, o nosso técnico com uma garra mostrava que tudo aquilo que tínhamos feito estava certo. Por quê? Pela capacidade. Hoje, ele está com o Governo Federal, ele foi o Chefe da Arrecadação Federal, até há pouco tempo. Foi Chefe da Arrecadação Federal do Paraná. Hoje, parece-me que é uma das pessoas lideres do combate ao contrabando.

Portanto, como vêem, nós procuramos valorizar o ser humano. Procuramos que todo mundo estude. O exemplo está aí! Eu tenho dez netos aí. Pede-se, no mínimo, duas faculdades. Amanhã ou depois pode fazer outra, vamos tocar outra. Por que isso? Porque o conhecimento abre a inteligência e desenvolve as oportunidades e assim acaba procurando. Os que estão aqui, hoje, eu acho que sem exceção são todos técnicos formados em nossa Empresa – lá embaixo eu vejo um que é o Chefe da Fábrica, o Dr. Luiz; a Leda, Faculdade de Química, como um químico dentro da própria, onde fez a Faculdade de Economia, com destaque, acaba de se formar há poucos dias na Faculdade de Engenharia. Engenharia especial, no campo da mecânica e hoje, está gerenciando a produção de máquinas junto com a Empresa.

Como vêem, nós queremos que aqueles que estão conosco, que trabalham conosco estudem, se façam, ganhem a vida mas não deixem de buscar conhecimento.

Não levem a mal se eu me estendi um pouco, mas caros amigos nós estamos aí com um slogan “Levanta Rio Grande”, mas eu não ficaria só no “Levanta Rio Grande”, eu diria “Acorde Brasil” que está ainda deitado em berço esplêndido.

Vamos acordar essa potencialidade que temos por aí. Vejam quanta riqueza que temos aí abandonada! Quantas pessoas clamando por emprego, querendo trabalhar. Não damos. Não criamos condições. Não damos possibilidade às indústrias de se desenvolver. Hoje, as indústrias estão semiparadas. Por quê? Não vêem possibilidades de investir. Se investem, perdem dinheiro. Por que perdem dinheiro? Porque o Governo para gerir as dívidas dele, ele é obrigado a oferecer, diariamente ou mensalmente, sempre uma taxa maior no Overnight. Os Bancos não precisam mais de nós comerciantes, não precisam mais de ninguém, eles têm todo o dinheiro colocado no próprio Governo. Até quando vai durar isto? Até quando o povo vai agüentar isto? Então a nossa sugestão: vamos acordar este Brasil! Vamos cerrar fileiras no sentido de trabalhar mais, de produzir mais, de desenvolver mais, de criar mais riquezas. Os políticos devem se entender mais. Nós estamos estragando este País em debates estéreis, nós precisamos evitar isso. Precisamos pensar mais no povo, no miserável, porque quem tem alguma coisa vive, mas e os que não têm? E os que não têm casa para morar? Primeiro plano do Governo: construir casas populares. Convocaria todos os desempregados que não têm profissão. Além das casas, abriria estradas onde fosse possível, seguiria o exemplo do americano, quando houve a grande crise nos Estados Unidos. O país com dificuldades extraordinárias começaram com um grande plano, o “New Deal”. Por que nós não partimos com uma coisa semelhante, embora em plano menor. Vamos dar comida a este povo, vamos dar trabalho a este povo, dar um lugar para ele morar. Não vamos deixar como eles estão. Não me levem a mal. Meu muito obrigado a vocês todos. Eu vou encerrar aqui dizendo: Ilustres Vereadores e caros amigos sentimo-nos imensamente honrados com esta manifestação pública alusiva ao cinqüentenário da nossa Fundação. Igualmente sentimos muito prestigiados com a amável e generosa presença dos convidados que superlotam o recinto desta Casa do Povo, que, no seu conjunto, marca com chave de ouro esta etapa. Quero agradecer ao Presidente e aos companheiros. Ao povo o meu muito obrigado. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o autor da proposição, Ver. Artur Zanella, a fazer a entrega do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. José Zamprogna.

 

(É feita a entrega do prêmio.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ao término desta Sessão, cabe-me referir que esta Casa já concedeu o Título de Cidadão Emérito ao Dr. José Zamprogna, figura esta tão reconhecida no meio empresarial, em geral, como já referiram outros Vereadores e especialmente para nós, porto-alegrenses, até porque é Cidadão Emérito de Porto Alegre. A Sessão de hoje serviu para ensejar não uma Sessão Solene propriamente dita, mas uma oportunidade para que fique registrado, não só nós que aqui estamos presentes, mas para que também transmitamos aos outros o que representa a firma Zamprogna S/A, não pelo seu cinqüentenário propriamente dito, mas pelo seu método de trabalho, ou seja, estando situada num País subdesenvolvido, com dificuldades naturais, ela conseguiu, como já registraram os oradores, desenvolver a sua própria tecnologia, e estar acima dela, e dentro da realidade brasileira. Acho que é uma pena que esta Sessão Solene se encerre dentro destas paredes, mas acho que serviria para uma meditação, de como se pode fazer empreendimentos em um País pobre. Foi assim que ela começou, e foi assim como ela evoluíu. Acho que deveria ser estudado, com maior profundidade, o desenvolvimento desta firma, não como uma homenagem a ela, tão somente, mas para servir de um modelo, de um País pobre, de situações difíceis, onde ela cria os seus próprios métodos, seus próprios trabalhos, mostrando como se pode levar adiante um empreendimento. Isso foi referido no decorrer da Sessão, mas apenas queria enfatizar, já que tão tocado sobre o atual momento nacional, o problema do “Levanta Rio Grande”, pelo próprio homenageado, “Acorda Brasil”, diria que se fôssemos examinar a forma com que ela foi implantada e desenvolvida, ela contrasta fundamentalmente, com uma ideologia empresarial implantada neste País, cercada pela opulência, cercada pelo fausto, cercada pela mera importação de tecnologia, e onde predominava, o que se convencionou chamar, a ciranda financeira. Tudo foi dito aqui nesta Sessão, e acredito que se fôssemos implantar, quer no nosso Município, no nosso Estado, ou no nosso País métodos de trabalho mais condizentes com a realidade e a pobreza brasileira, somos um País pobre, não podemos negar, poderíamos evoluir. De maneira, Sr. José Zamprogna e demais autoridades aqui presentes, que esta oportunidade serve para que possamos refletir não só na homenagem ao Cinqüentenário, que é sempre significativo e o Ver. Artur Zanella este atento, mas sobretudo, enseja uma oportunidade de não descrer na terra em que vivemos, para mostrar que é possível realizarmos alguma coisa desde que tenhamos a noção exata, que as coisas mágicas não acontecem e que apenas o trabalho e a simplicidade, o combate permanente à megalomania é possível avançar. Acho que a Firma Zamprogna significa tudo isto, mesmo que seu Presidente assim não deseje, é um exemplo que se deveria ser estudado, quer por autoridades públicas, quer por universidades, quer por teóricos tipo Delfim Neto e outros, como se pode fazer as coisas. Elas podem ser feitas, sim, desde que sejam feitas no dia-a-dia dentro de uma medida exata e inserida dentro de um quadro que é o quadro brasileiro. Por isto, independente até de governo, a Firma Zamprogna tem crescido porque ela busca, em si própria, suas forças. Seu Presidente dizia que desde uma determinada data ele não procurava mais descontos bancários. Isto contrasta com a realidade brasileira. Poderíamos dizer que a firma está na contra-mão da história brasileira. Cabe a todos nós meditarmos: estará certa a história brasileira ou estará certa a firma Zamprogna? Não sou um teórico em Economia, mas aproveito o registro para deixar bem claro que nem todos estão neste caminho e seguindo esta orientação que foi implantada num fausto de grandeza e que hoje sofremos as conseqüências deste ato. Acredito que os famosos PHDs poderiam, num lampejo de humildade, fazer um estágio na Firma Zamprogna e tomassem um banho de realidade e mensurar o que é possível e o que não é possível; o real e o mundo utópico. Quero deixar, por isto, registrado que o Ver. Artur Zanella proporciona esta oportunidade, não em caráter pessoal, do Cidadão Emérito José Zamprogna, mas a firma, especificamente, serve como laboratório para ser estudado o que o Brasil pode, da realidade brasileira e do teoricismo e da tecnologia brasileira que gerou as mazelas citadas pelo nosso homenageado, que hoje colocamos como grandes devedores externos e de uma dívida interna inconfessável, até por que ela muda de dia para dia. Não poderia deixar de fazer este registro, de vez que a Firma Zamprogna para mim passa pela minha casa desde criança, mas deixo este registro num momento tão doloroso da vida nacional, e que pode trazer ânimo a qualquer um de nós, e na realidade do homenageado não recebe uma homenagem, mas recebe, Ver. Artur Zanella, nos oferece uma alternativa de criação de um Brasil diferente, Brasil mais real que, afinal, é aquilo com o que sonhamos, ou seja, tendo nós as nossas próprias coisas, trabalhando com a nossa dura realidade do dia-a-dia. Por isto, José Zamprogna, transmita a tantos quantos tenham num determinado momento da história deste cinqüentenário contribuído com o seu trabalho e com a sua inteligência, ao mais modesto funcionário de sua empresa, e ao mais qualificado, as nossas homenagens e, sobretudo, a nossa atenção de um dia podermos, não só fazermos o almoço que V. Sa. referia lá, mas podermos encaminhar um debate mais amplo sobre sua própria empresa. Muito obrigado. Agradeço a comparência dos senhores e agradeço em especial os senhores componentes da Mesa, Sr. Renan Proença; Sr. Derbí Bordin, que neste ato também representa o Sr. Secretário de Indústria e Comércio do Estado do Rio Grande do Sul; Irmão Faustino João; da nossa Secretária que se faz presente, assim como dos senhores que junto com esta Câmara se somam para homenagear Zamprogna S/A. Muito obrigado.

Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h50min.)

 

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